21.10.11

conto 1

Acordei e estava ao lado de minha mãe. Não estava em minha cama, pois na noite passada havia matado alguém, e quando isso acontece não posso dormir sozinho, procuro refúgio com minha mãe, ela me abraça e afasta todos os meus temores. Mas ela não sabe que mato pessoas; ela não nota o ar psicopata que carrego no meu andar, nos meus olhos e na minha forma de falar; ela é a única pessoa que me enxerga com outros olhos, sem preconceito, por isso, até agora, nunca cogitei matá-la.
Desprendi seus braços dos meus e fui espairecer na rua. Era um dos meus divertimentos: acordar cedo, ir à rua e observar a alvorada matutina. Ao voltar para casa, encontro minha mãe sentada à mesa, olhando-me. Seu olhar frio cruzava o meu, deixando-me pávido. Será que ela havia descoberto o meu segredo? Mas poucos segundos depois notei que não, ela apenas estava preocupada, como de costume, por eu ter saído sem avisar. Tomamos café-da-manhã juntos, afinal éramos só nós dois: não tinha irmãos e meu pai havia morrido.
Ao terminar o desjejum fui trabalhar, deixando minha mãe, já aposentada, sozinha em casa, provavelmente passaria o dia tricotando.
O meu trabalho era em uma empresa de grande porte, que trabalhava levando chá e café para os outros funcionários. Um emprego medíocre, do qual sentia vergonha e repulsa.
Cheguei um pouco atrasado, dando motivos para João, um funcionário tão insignificante quanto eu, reclamar. Nunca consegui compreender o motivo de ele me detestar tanto; sempre o tratei com respeito, embora precisasse fazer um grande esforço para isso, visto que ele me dava mais motivos para tratá-lo desrespeitosamente do que elogiá-lo de alguma forma. Sempre que ele me xingava, sentia um grande desejo de matá-lo e hoje parecia um dia perfeito, pois o chefe acabara de anunciar que todos os funcionários deixariam seu expediente duas horas mais cedo, assim, eu teria tempo de matá-lo e voltar para casa sem minha mãe desconfiar de nada, pois chegaria em casa no horário rotineiro. Assim esperei ansioso para a chegada das quatro horas. Já tinha todo o processo em mente.
Estava sentado ao lado da máquina de café quando o chefe apareceu anunciando a hora e liberando os funcionários. Peguei minha bolsa e segui João, discretamente, até sua casa. Ele morava sozinho, o que facilitaria o meu plano.
Ele já estava em casa, banhando-se, quando abri a porta de sua casa, que o papalvo deixou aberta, facilitando minha entrada e o seu homicídio. Abri a porta do banheiro e o encontrei deitado na banheira, agora atemorizado vendo-me parado à sua porta. Aproximei-me, carregando em minha mão direita uma faca que tirei de minha bolsa e, rapidamente, pressionei sobre seu peito com força, repeti esse movimento quatro vezes, até ter a absoluta certeza de que estava morto. Saí de lá, rezando a Deus e pedindo perdão, mas já não sabia se Ele me perdoaria novamente, pois já é a 34ª vez que peço perdão pelo mesmo crime. Cheguei em casa exatamente às seis horas, sem dar motivos à minha mãe de desconfiar de algo. - até agora ela nunca havia desconfiado de nenhum homicídio que cometi - A primeira coisa que fiz ao chegar em casa, foi olhar minha mãe e pedir, carinhosamente, para dormir com ela novamente, ela fez que sim com a cabeça, deixando-me completamente aliviado.
Fui banhar-me e deixei minha roupa suja em cima da cama para minha mãe recolher e lavar. Ao terminar o banho, encontro minha mãe parada próxima à porta do quarto, com os olhos arregalados de pavor e desconfiança. Perguntei-lhe o que havia acontecido, ela não respondeu, apenas ergueu minha camiseta que eu, estúpido, deixei uma mancha de sangue no canto direito, sem me dar conta do que poderia acontecer.
Ela ameaçou ligar para a polícia, ameaçou me tirar de casa, me bateu e eu, apavorado, peguei a faca e, chorando, enfiei em seu ventre com toda força. Por ser uma mulher idosa e frágil morreu na hora. Continuei chorando sem parar, deitei ao seu lado, a abracei e supliquei diversas vezes, em lágrimas, por perdão, repetindo já inconsciente “Mãe, perdoe-me, fiz algo horrível… Deixe-me dormir com você esta noite!”

carreira

tô muito confusa sobre o que estudar na universidade.
filosofia é o que amo e o que me realizaria, embora não tenha vontade alguma de ser professora, o seria se fosse de filosofia.
gostaria de trabalhar com ONGs e fundações (e já tenho chances de trabalhar na fundación leo messi ou na social team porque tenho meus contatos e já me confirmaram que seria possível), foi então que pensei em serviço social ou psicologia, mas não sinto o mesmo ânimo do que sinto com filosofia... já pensei em fazer um dos dois e depois, quando já estiver trabalhando, fazer filosofia, mas acho que não vai ser a mesma coisa, não vou ter tanto tempo para me dedicar...
e assim sigo confusa...

a menina enterrada viva

Era um dia um viúvo que tinha uma filha muito boa e bonita. Vizinha ao viúvo residia uma viúva, com outra filha, feia e má. A viúva vivia agradando a menina, dando presentes e bolos de mel. A menina ia simpatizando com a viúva, embora não se esquecesse de sua defunta mãe que a acariciava e penteava carinhosamente. A viúva tanto adulou, tanto adulou a menina que esta acabou pedindo que seu pai casasse com ela.
- Case com ela, papai. Ela é muito boa e me dá mel!
- Agora ela lhe dá mel, minha filha, amanhã lhe dará fel! - respondia o viúvo.
A menina insistiu e o pai, para satisfazê-la, casou com a vizinha. Obrigado por seus negócios, o homem viajava muito e a madrasta aproveitou essas ausências para mostrar o que era. Ficou arrebatada, muito bruta e malvada, tratando a menina como se fosse a um cachorro. Dava muito pouco de comer e a fazia dormir no chão em cima de uma esteira velha. Depois mandou que a menina se encarregasse dos trabalhos mais pesados da casa. Quando não havia coisa alguma que fazer, a madrasta não deixava a menina brincar. Mandava que fosse vigiar um pé de figos que estava carregadinho, para os passarinhos não bicarem as frutas.
A pobre da menina passava horas e horas guardando os figos e gritando – chô! passarinho! quando algum voava por perto. Uma tarde estava tão cansada que adormeceu e quando acordou os passarinhos tinham picado todos os figos. A madrasta veio ver e ficou doida de raiva. Achou que aquilo era um crime e no ímpeto do gênio matou a menina e enterrou-a no fundo do quintal. Quando o pai voltou da viagem a madrasta disse que a menina fugira de casa e andava pelo mundo, sem juízo. O pai ficou muito triste.
Em cima da sepultura da órfã nasceu um capinzal bonito. O dono da casa mandou que o empregado fosse cortar o capim. O capineiro foi pela manhã e quando começou a cortar o capim, saiu uma voz do chão, cantando:

Capineiro de meu pai!
Não me cortes os cabelos...
Minha mãe me penteou,
Minha madrasta me enterrou,
Pelo figo da figueira
Que o passarinho picou...
Chô! passarinho!

O capineiro deu uma carreira, assombrado, e foi contar o que ouvira. O pai veio logo e ouviu as vozes cantando aquela cantiga tocante. Cavou a terra e encontrou uma laje. Por baixo estava vivinha, a menina. O pai chorando de alegria abraçou-a e levou-a para casa. Quando a madrasta avistou de longe a enteada, saiu pela porta afora, e nunca mais deu notícias se era viva ou morta.
O pai ficou vivendo muito bem com sua filhinha.


Luís da Câmara Cascudo

18.10.11

velvet underground

as melhores:











16.10.11

fim da paixão?

não sei se todos já passaram ou vão passar por uma situação assim, mas pensando bem, acho que é bem comum. eu já passei e é uma situação triste que se desenrola mais ou menos assim:

você conhece alguém, se encanta e fica sorrindo à toa com qualquer besteira que essa pessoa fala e faz; nessa outra pessoa, a princípio, ocorre um sentimento parecido, só que ao longo do tempo esse sentimento entre você e a outra pessoa se diverge, ou seja, você é uma pessoa apaixonada achando que é amor, enquanto que a outra pessoa é um ser amante. você começa a namorar essa pessoa e normalmente dura entre um ou três meses (que é o tempo necessário para você notar que não é amor), você termina o namoro ao se desapaixonar, e a pessoa continua a te amar... sofre, te diz que tá sofrendo... você se sente culpada, tem saudade dos momentos juntos, mas sabe que não é amor e não se arrisca a voltar...
é triste por saber que tá sendo causadora do sofrimento de outra pessoa e não pode fazer nada pra reverter isso...

touring

tô ouvindo muito ramones esses dias e fazendo um "touring" entre suas músicas coloquei essa aqui que é uma das melhores...

15.10.11

felicidade

tem momentos em que você está tão feliz, que não consegue sorrir, por mais que haja felicidade, ela se manifesta de uma forma diferente, é em situações assim que você só consegue chorar de felicidade, e não pára de tremer. depois de chorar você percebe o quão feliz está e se abre num sorriso enquanto seu coração pulsa rapidamente. depois disso não há fim de tarde que possa te entristecer, todo o seu dia (e possivelmente os dias seguintes também) será completamente lindo e feliz, que você passará com um sorriso atrás do outro, se abrindo sempre em um riso feliz. esses momentos são raros em nossa vida e eu já tive um momento assim.